Games em sala de aula dividem opiniões

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Estudantes da ESPM-SP jogam na sala de aula Foto: Jonas Lopes

Jonas Lopes e Pedro Morandi (1º Semestre)

 

“Aquela história que alguns falam ‘eu consigo prestar atenção na aula e jogar’ para mim não cola. Eu, como professor, acredito que a atenção deve estar focada no que está sendo transmitido naquele momento”, afirma Vince Vader, professor e especialista em cultura gamer, que ensina as disciplinas de “Projeto de Game Design” e “User Experience & User Interface” na ESPM-SP. O especialista alerta sobre os jogos de estímulo rápido durante as aulas e seus benefícios e malefícios para a vida cotidiana dos universitários.

“Se a pessoa está jogando um jogo, não importa qual seja, enquanto está acontecendo uma aula, é bem provável que ela não esteja prestando atenção no conteúdo que está sendo transmitido”, complementou Vader. De fato, em entrevista para a Folha de São Paulo, a neurocientista Ana Carolina Souza afirma ser impossível dividir a atenção e desenvolver duas atividades ao mesmo tempo. Essa alternância de foco deixa as pessoas com cada vez menos capacidade de processar informações e mais superficiais.

No entanto, essa percepção não é unânime entre os alunos, especialmente entre aqueles que cresceram imersos em ambientes digitais e multitarefas. Um aluno do 1º semestre de Jornalismo na ESPM-SP, que não quis se identificar, compartilhou sua experiência: “Gosto de jogar. É uma forma de distração, dependendo do professor. Mas mesmo estando nesses jogos, ainda consigo prestar atenção nas aulas. Inclusive, consigo me concentrar melhor”.

Outro aluno do mesmo curso apresentou uma visão diferente: “Jogo bastante durante as aulas, mas não em todas. Nas aulas em que o professor dá a matéria eu presto atenção. Em outras, jogo apenas para passar o tempo”.

Apesar da crítica, Vince Vader reconhece que esses jogos também podem ser incorporados em salas de aula, conectando-se ao conteúdo e estimulando a participação dos alunos: “Uma boa maneira seria o professor utilizar, junto com os estudantes, os jogos para criar dinâmicas interessantes e que se conectam ao conteúdo abordado”, explica.

Como exemplo prático, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), passou a disponibilizar jogos gratuitos que apoiam o uso de tecnologias em sala de aula, contribuindo para o aprendizado de formas geométricas e da Língua Brasileira de Sinais (Libras).