Fama pode levar celebridade à loucura e reservar um fim trágico

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Bianca Alves Pinto

»»» O auge da fama e do dinheiro pode acabar em pesadelo. Já são diversas as celebridades que tiveram finais trágicos, mesmo estando no ponto máximo de suas carreiras. O envolvimento com drogas, as internações em clínicas de reabilitação e as mortes viram pauta de jornal. Entre os casos mais conhecidos estão os do ex-vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, o rei do pop, Michael Jackson, e a sensação britânica Amy Winehouse.

Apesar de parecerem ter tudo, perderam-se para sempre. O psiquiatra e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) João Maurício Maia explica que o envolvimento com drogas tem muito a ver com a vulnerabilidade das pessoas. “Não se pode saber ao certo o porquê, uma vez que são sempre suposições. Mas Michael Jackson, por exemplo, cresceu em uma rotina de ensaios e cobranças.” Ele relembra o mistério do cantor que vivia cercado de crianças, tinha um parque de diversões na própria casa, sofria acusações graves sobre o seu comportamento, suspeito de pedofilia, e morreu no dia 25 de junho 2009 após uma parada cardíaca. Segundo o documento divulgado à imprensa, Michael teve uma intoxicação por uso abusivo de vários medicamentos de tarja preta.
Já Amy Winehouse, além de ter revitalizado o soul com uma voz muito marcante, é lembrada como alguém que não queria – ou não soube lidar com – a fama. Segundo o documentário “Amy” (2015), premiado com um Oscar, em 2016, a causa da sua morte, em 2011, foi a ingestão excessiva de álcool.
Amy era presença constante em bares do bairro de Camden, na capital britânica, sempre acompanhada de amigos, cigarro e muita bebida. Ela foi encontrada morta pela polícia em seu apartamento, em Londres, no dia 23 de julho de 2011. Não se sabe ao certo como era a relação de Amy com a família e com o ex-marido, Blake Fielder-Civil. Entretanto, não são raras as notícias que afirmam que o casamento era turbulento, apesar de ter durado quase uma década.
Após a morte, instaurou-se uma briga entre o pai de Amy, Mitch Winehouse, e Fielder-Civil. Neste mesmo ano, o ex-marido afirmou para o jornal britânico “The Sun” que se sentia aliviado por saber que uma overdose não teria sido a causa da morte, uma vez que ele era o responsável por trazer drogas à relação. Três anos depois, Fielder-Civil disse que Mitch estava presente quando Amy injetou heroína pela primeira vez.
Para o professor João Maia, a sensação de poder das celebridades encobre sua fragilidade. “Tem artista que atrasa horas para subir ao palco e, quando entra, muitas vezes, não está em seu estado normal, perceptivelmente. Mesmo assim, vai ter uma multidão ali, feliz em vê-lo”, aponta o psiquiatra. É como se o dinheiro e a fama trouxessem uma falta de limites, um conforto e o pensamento de ‘eu posso tudo’.
Outra explicação possível para tal envolvimento é a facilidade de acesso. “Uma pessoa que é famosa pode não só conseguir as drogas de forma fácil, mas ela também tem acesso aos melhores produtos”, diz Maia.
Ainda assim, não se pode saber ao certo o que leva estas pessoas ao extremo do suicídio. A psicóloga Suely Bichuet afirma que não é a fama e o dinheiro que tiram as pessoas de si, mas sim o que elas fazem com tudo isso. “O que adoece as pessoas é o que elas fazem de mal com as coisas que possuem e o bem que elas deixam de fazer com o que o mundo lhes dá”, reflete. Ela e Maia concordam no que diz respeito à propensão que algumas pessoas têm para desenvolver algum distúrbio mental devido a experiências passadas. “O que leva alguém à loucura pode ser a falta de um sentido para a vida ou de uma razão para se viver. É a maneira como ela se emaranhou e como as relações familiares as capturaram”, afirma Suely.

O FIM DA FAMA
O professor de psiquiatria e a psicóloga também concordam que o fim da fama pode levar os indivíduos à loucura. “O problema está no fato de que a fama não é para sempre e, quando perdida, a pessoa famosa não é sábia o suficiente para suportar o seu declínio. Ela pode se deprimir”, declara Suely.
Não é preciso ser uma celebridade mundial para sentir os efeitos nefastos da fama. Suely lembra que já aconteceu de atores da TV Globo perderem seus lugares na estratosfera da fama, por questões políticas, de idade e pelo fim da beleza física, e sofrerem. “Enlouquecer ou não com isso depende da formação familiar básica. Essas relações podem ser determinantes e podem salvar as pessoas dos seus infortúnios, das oscilações e das eventuais injustiças das nossas vidas.”
Entre muitos finais trágicos, ainda há aqueles que conseguem lidar com os altos e baixos da fama de forma positiva. É o caso da cantora Demi Lovato, que hoje utiliza sua fama para promover o empoderamento e a autoconfiança para seu público. Ela chegou a recorrer a uma clínica de reabilitação em 2010, quando sofria com distúrbios alimentares e psicológicos como bulimia, transtorno bipolar e automutilação.
Demi desde criança sofreu bullying na escola, além de ter tido uma relação pouco amigável com seu pai, Patrick Lovato, que morreu em dezembro de 2013. Apesar disso, o apoio da mãe, do padrasto e das irmãs foi essencial para sua melhora.
Superada a fase de declínio, Demi ressurgiu como sensação teen com músicas reconfortantes para os fãs.