Ex-aluno, Léo Stefanini, dirige a peça Esperando Godot e conversa com alunos

A peça está em cartaz no Teatro FAAP até o final de julho

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Conversa sobre a montagem da peça Esperando Godot

Dez anos depois de sua estreia no teatro como diretor, Léo Stefanini, ex-aluno de publicidade da ESPM-SP, remonta clássico de Samuel Beckett, Esperando Godot. Na última quinta-feira, 19 de maio, a Escola recebeu Léo e também os atores Ary França e Fábio Espósito, que interpretam os protagonistas, e o diretor para uma conversa sobre o processo de adaptação à obra e sobre o mercado no universo do teatro.

Esperando Godot foi a primeira peça de teatro escrita pelo dramaturgo e se tornou sua grande obra prima. A história mostra a espera infinita de dois vagabundos, Estragon e Vladimir, por Godot, alguém que eles não sabem exatamente quem é nem o que esperam dele. Ao final do dia, um menino passa para avisá-los que Godot não aparecerá naquele dia, mas sim no seguinte. No decorrer da narrativa, surgem mais dois personagens: um escravo e seu patrão.

A partir de uma vaga noção de espaço e tempo onde estão inseridos, os protagonistas abordam, através de simbologias, a questão do preenchimento da espera que pode ser muito angustiante. Inserida em um contexto pós-Segunda Guerra Mundial, a obra toca em questões como o sentido da vida e o que fazer enquanto se espera, funcionando como uma crítica bem-humorada à sociedade da época. “De onde viemos, para onde vamos”, foi a definição dada por Stefanini para ilustrar os questionamentos da peça.

Diante deste cenário em que a peça não determina aspectos considerados essenciais para o entendimento de uma narrativa, cada espectador possui uma interpretação particular. O fato de cada um se encontrar de forma distinta com o que viu, torna o espetáculo subjetivo e permite que as impressões sejam diferentes. A história pode ser vista por um olhar tanto otimista quanto pessimista.

A fidelidade à essência do texto original, foi uma das principais preocupações do diretor ao fazer a montagem da peça. No entanto, era fundamental para ele “descobrir a coisa bem humorada” que havia no texto. Por isso, a comédia e a mescla com técnicas circenses estão muito presentes no espetáculo.

Após as sessões, o elenco e o diretor promovem um debate com os espectadores para que haja o compartilhamento das impressões. Uma grande questão que surge nas discussões é a identificação com a espera. “Esse sentimento mostra como a peça, escrita em 1949, ainda é muito atual e como a busca (ou espera) pelo sentido da vida se perpetua”, diz Stefanini.

Ao final do bate-papo, Ary, Espósito e Stefanini falaram um pouco da diminuição da frequência em teatros nos últimos 30 anos e do curto tempo que as peças ficam em cartaz.

Léo Stefanini estudou publicidade na ESPM-SP, em 1992, e também se formou em jornalismo. Atuou nas duas áreas, trabalhando em algumas emissoras de TV como Band, RedeTV e Record. Em 2006, estreou como diretor pela peça O Pedido de Casamento, e desde então opera no universo teatral.

A peça está em cartaz no Teatro FAAP até o final de julho