Ensino híbrido divide opiniões e preocupa profissionais da saúde

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Luana de Andrade (1º semestre)

 

Quase um ano após o início das aulas online, muitas escolas vêm apostando na retomada das aulas presenciais por meio do modelo de ensino híbrido. Apesar da vontade de pôr fim ao EAD (ensino à distância), alunos e educadores de ensino médio divergem em suas opiniões sobre a reabertura gradual das instituições. Profissionais de saúde ressaltam a importância do cumprimento dos protocolos de segurança contra a covid-19.

As aulas híbridas, que consistem no revezamento de alunos para o comparecimento às aulas presenciais, visam ofertar aos estudantes um contato mais direto com professores. No entanto, a necessidade de dividir a atenção entre dois grupos de alunos e as adversidades técnicas preocupam alguns docentes. “O aluno que tá em casa, que é a maioria, não tá me vendo de perto, ele está me ouvindo de máscara, ele está vendo a lousa, não a minha tela do computador, e eu não tenho tanto controle como eu tinha quando a gente estava online”, relata Adriana Vidal, professora de inglês, ao comentar sobre modelo híbrido. Ao falar sobre o risco de exposição ao vírus, a professora destacou que todos os protocolos estão sendo seguidos, mas, ainda assim, sente-se insegura.

Do outro lado da sala de aula, alunos demostram o desejo pela volta das aulas presenciais e afirmam ver melhora em seus desempenhos. Lara Camassutti, que cursa o terceiro ano do ensino médio no SESI Jaboticabal, interior de São Paulo, declarou que, comparado com ensino totalmente online, o híbrido estava sendo uma alternativa interessante. Para Larissa Toledo, aluna do segundo ano do ensino médio do Senac Aclimação, uma grande melhora pôde ser observada em seus estudos no período em que a escola adotou o ensino híbrido, contudo relatou sentimento de angústia dado o contexto pandêmico. “Bateu uma coisa dentro de mim, eu fiquei muito ansiosa pensando ‘não posso encostar em nada porque se não eu vou pegar alguma coisa’ […]”, contou Larissa.

 

O que dizem os profissionais de saúde

Para os profissionais da saúde, a abertura das escolas para o ensino médio representa um risco, uma vez que o público adolescente apresenta maior dificuldade em aderir as recomendações. O médico cardiologista, Elry Medeiros, que atuou na linha de frente no Hospital de Campanha do Anhembi, em 2020, destacou a necessidade de assegurar de forma ainda mais precisa que todas as medidas, como distanciamento e uso de máscara e álcool gel, sejam seguidas. Além disso, Dr. Elry também pontou que a questão não envolve apenas a opinião médica, mas também o parecer epidemiológico.

Luciana Becker Mau, infecto pediatra, definiu como “complexa” a situação do ensino médio. “São os alunos que tem uma maior capacidade de adaptação ao ensino online e são aqueles, também, onde o vírus se comporta de forma mais parecida com os adultos, ou seja, há uma transmissão muito mais parecida, um risco maior”, declarou em resposta à pergunta sobre a diferença entre a retomada das aulas para os ensinos infantil e médio.