Cobertura liga furacão a mudanças climáticas

Share

Imagem do furacão Milton gerada do espaço. Foto: NOAA

Com colaboração de Laura Prates (1º semestre)

Edição do texto auxiliada com a inteligência artificial Copilot

 

O furacão Milton, que se formou no Golfo do México no início de outubro de 2024, atingiu a costa dos Estados Unidos entre os dias 11 e 12 de outubro. Classificado inicialmente como categoria 5, o furacão perdeu força ao se aproximar da terra, tocando o solo na Flórida como categoria 3. Com ventos de até 205 km/h, Milton causou destruição significativa, resultando em enchentes, tornados e danos generalizados.

Ao cruzar a Flórida, o furacão deixou um rastro de destruição, com mais de 2 milhões de pessoas sem energia elétrica e várias cidades inundadas. As autoridades confirmaram pelo 17 mortes relacionadas ao furacão. As perdas financeiras são estimadas em bilhões de dólares, com danos extensivos a propriedades residenciais e comerciais. A resposta das autoridades foi rápida, com evacuações obrigatórias em várias áreas e esforços de resgate contínuos. O presidente Joe Biden cancelou compromissos internacionais para monitorar a situação de perto.

A brasileira Denise de Oliveira, que vive em Tampa, na Flórida, teve sorte: “Até houve um pouco de alagamento na redondeza que é onde eu moro, mas nada que me afetasse, “, contou à reportagem do Portal. Denise entende que a região estava preparada para a passagem do Milton, como pelo fechamento de escolas, gratuidade de transporte público e pontos de doação de comida e água:

“A cidade é muito bem preparada para desastres dessa proporção. Há funcionários das empresas de energia elétrica de todo país trabalhando na região para normalizar o fornecimento de energia. Antes do furacão passar, já haviam se deslocado para a Flórida, aguardando a passagem do furacão para saberem quais áreas iam priorizar os reparos, detalhou.

Estrada onde o furacão Milton tocou o solo dos EUA, no dia 11. Fotos: Denise de Oliveira

Imprensa cobre o desastre e menciona mudanças climáticas 

Alunos da disciplina “Jornalismo e as Mudanças Climáticas” desenvolveram uma pesquisa guiada sobre como a imprensa brasileira cobriu a passagem do furacão Milton pelos EUA, nos dias 11 e 12 de outubro. A metodologia de coleta e análise de conteúdo envolveu a busca de notícias brasileiras sobre o furacão Milton no Google, classificando-as por veículo, tipo de mídia, data e fase do furacão (antes, durante e depois de ter tocado o solo estadunidense). As notícias foram analisadas quanto à presença de menções diretas e indiretas às mudanças climáticas, identificando padrões e avaliando a profundidade da cobertura sobre a relação entre o furacão e a crise climática.

Segundo o resultado de 22 trabalhos, que analisaram aproximadamente 50 notícias em português, a cobertura do furacão Milton pela imprensa brasileira focou principalmente nos aspectos físicos do fenômeno, explicando de forma clara os impactos antes, durante e depois da tempestade. Veículos como CNN Brasil, Estadão, G1 e R7 trouxeram especialistas em tempo e clima, e entrevistas com moradores locais para evidenciar o estrago causado.

No entanto, apenas algumas matérias abordaram a relação do furacão com as mudanças climáticas, não conectando claramente esses eventos extremos contemporâneos com o aquecimento global. A relação entre as notícias e as mudanças climáticas foi considerada média, mostrando que essa temática está crescendo na grande mídia.

Quase todos os portais cobriram todo o período da passagem do furacão, contabilizando as perdas e destacando a elevação da categoria do furacão. A fala do presidente Joe Biden sobre o perigo do furacão e a emergência enfrentada pela população foi amplamente citada. 

A cobertura dos diferentes veículos mostrou um padrão de foco em diversos aspectos do furacão, desde os impactos econômicos até as respostas sociais e políticas. A abordagem das mudanças climáticas foi indireta em muitos casos, especialmente em matérias voltadas para a saúde e a recuperação econômica. Um ponto fraco observado foi a ausência de uma análise mais detalhada sobre as causas subjacentes, como o papel do aquecimento global na intensificação desses eventos. No geral, a relação das notícias com as mudanças climáticas foi média, com muitas menções indiretas e ligadas às consequências mais do que às causas.

Em suma, a análise da cobertura jornalística sobre o furacão Milton demonstrou que, embora a cobertura jornalística tenha feito um excelente trabalho ao destacar os impactos imediatos, como mortes, inundações e danos materiais, houve uma atenção notavelmente limitada à sua relação mais profunda com as mudanças climáticas. Além disso, eventos climáticos extremos foram mencionados, mas a ligação com a crise climática permanece mínima ou ausente. A força está nos detalhes sobre os esforços de resgate e danos, mas a fraqueza é a falta de contextualização da crise climática mais ampla.