Brechós são boa opção para jovens na hora de renovar o guarda-roupa

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É fato que o mundo jovem gera uma série de gastos que vão além da renda média de quem o compõe: material escolar, bens pessoais, alimentação fora do lar, viagens para congressos e festas. Economizar é, portanto, a palavra-chave. No setor de moda, os brechós aparecem como uma opção promissora – além dos preços baixos para o consumidor, oferecem a possibilidade de se desfazer de itens que não quer ver mais em casa. Com a facilidade de compra, os brechós online são novidade para os consumistas, eles oferecem comodidade e modernidade para o consumidor.

Arara do brechó Tunel do Tempo. Foto: Gabriela Beraldo

 

No intuito de economizar, Daphne Ruivo, do 3º semestre do curso de Jornalismo da ESPM-SP, começou a comprar em brechós no fim do ano passado. “Os preços de roupas em lojas de marca ou mesmo de rua estão altos demais. Vou comprar duas camisetas de algodão e pago cem reais? Nem pensar”, relata. A jovem reforça que o que se deve observar nos estabelecimentos são a limpeza, a organização e o atendimento, “Se você chega à loja e está tudo revirado, misturado, com cheiro de mofo, não dá.! É um pé dentro e um pé fora”. Nicole Coimbra, estudante do 4º semestre de Jornalismo, compra em brechós há quase dois anos e prefere as lojas físicas. “Dá pra ver o material da roupa, como ela está, mesmo comprando em brechó, normalmente só compro quando é novo, sem uso”, afirma a estudante.

A procura por brechós tem sofrido uma mudança. Tony Júnior, 30, é dono de um estabelecimento na Vila Mariana há 12 anos, e acredita que a procura por sua loja aumentou, principalmente, em função das modas vintage e retrô (veja quadros). “Em compensação, as marcas novas estão copiando roupas antigas, então você consegue achar roupas atuais que são uma releitura do passado”, afirma. Gabriela Sanches trabalha com brechó e também vê seu negócio prejudicado pelo mercado atual, especialmente nos últimos 13 anos. “Hoje, o mercado da China está vindo muito massificado, e muitas roupas estão parecidas com roupas de época”, diz.

Moda das antigas

Os brechós e antiquários existem no Brasil pelo menos desde o século XIX. Machado de Assis, em seu conto “Ideias do Canário”, de 1899, cita uma loja que vende “cousas velhas”, que ele chama de Belchior – nome de um vendedor do século XIX que comercializava objetos usados nas ruas do Rio de Janeiro. No entanto, Tony Júnior acredita que ainda há uma visão equivocada dos produtos usados no País. “Existe muito preconceito em relação a coisas usadas, principalmente roupa”, comenta.

A jornalista Roseli Bóccoli, 48, que iniciou seu brechó online Vitrine Barganhas & Bargatelas no Facebook, no fim do ano passado, tem opinião diferente. “Acredito que houve uma boa mudança” diz. “As pessoas passaram a ver os brechós como mais uma opção de bom gosto, com opções clássicas e, principalmente, preços mais em conta por roupas que podem ter qualidade”. Seu total de vendas, até o momento, foi de 90% dos produtos anunciados.

Em relação ao público universitário, os negociantes não se mostram entusiasmados. “O jovem hoje em dia está muito ligado a grife, a marca”, opina Tony Júnior. Para Gabriela, os universitários que compram em seu brechó são aqueles que entendem de moda vintage. Mesmo assim, as estudantes da ESPM-SP Daphne e Nicole acreditam que os brechós são uma ótima opção para os jovens que estão no ensino superior. “Principalmente com o dinheiro do estágio, comprando no brechó sobra mais para quem quiser gastar em outras coisas”, sugere Nicole. Para Daphne, mesmo para quem recebe dinheiro dos pais, a economia do brechó é importante. “Garimpar e pechinchar são duas habilidades que o estudante universitário tem que ter dentro de si”, opina.

Gabriela Beraldo (1º semestre)

RETRÔ

“Algo que imita um estilo, moda ou design de um passado próximo” (adj.) – Dicionário Oxford

“Roupa ou música que o estilo é uma imitação de um passado recente” (subst.) – Dicionário Oxford

VINTAGE

“Clássico, de qualidade ou importância reconhecida” – Dicionário Michaelis

“Relacionado a algo de alta qualidade, especialmente algo do passado” – Dicionário Oxford