Encontro debate rádio e IA

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Pessoa do público registra apresentação exibida no 4º Congresso das Rádios Comunitárias. Foto: Luiza Vezzá

Texto e foto: Luiza Vezzá (5º semestre)

No dia 20 de setembro, ocorreu o 4º congresso das rádios comunitárias, evento promovido pelo Fórum da Democracia na Comunicação (FDC). O tema central foi “O Futuro das Rádios Comunitárias e as Novas Tecnologias de Informação: do FM à Inteligência Artificial”. 

A mesa sobre Jornalismo e Inteligência Artificial (IA),  mediada pelo jornalista Cyro César, contou com a presença de Antonio Assiz, Antonio Rocha Filho, Cristiane Alcala, Patrícia Rangel e Pedro Vaz. 

A discussão central da mesa foi o futuro do rádio na era da inteligência artificial. Nesse contexto, foi apresentada a pesquisa “IA para jornalistas”, realizada pelo grupo de pesquisa homônimo da ESPM-SP, em parceria com o Portal Jornalistas & Cia e apresentada por Antonio Rocha Filho, professor da ESPM-SP . 

Os dados mostram que os jornalistas hoje usam a IA em suas rotinas de trabalho, mesmo sem um treinamento específico, e que também têm receio dos resultados que a inserção dessa tecnologia pode ter. Isso chama a atenção para o fato de que é inevitável que as Inteligências Artificiais integrem o campo do jornalismo, mas o mercado apresenta uma certa resistência na aceitação oferecimento de treinamento para os jornalistas. 

Já Patrícia Rangel, também professora da ESPM-SP, apresentou o termo “inteligência ampliada”, que é o uso da IA para complementar o desempenho do ser humano, especialmente no rádio. “Os processos de produção podem ser muito otimizados através do uso de bots para transcrição ou correções de defeitos no áudio, como ruídos ou um corte seco na voz humana, e até mesmo no uso de algoritmos para entregar uma experiência mais personalizada para o ouvinte”, ressaltou Rangel. 

Para ela, o futuro das rádios com a IA é otimista, tratando a nova tecnologia como um facilitador, uma inteligência complementar à do jornalista pode economizar tempo, algo que é tão precioso na profissão. Antonio Assiz e Pedro Vaz transmitiram visões parecidas, ressaltando a importância de colocar “a máquina” para ajudar no dia a dia, e que as ferramentas de IA generativa são meras reprodutoras que não emitem pensamento crítico, nem formam opinião mas é necessário manter-se atento para as mazelas que a inserção das novas tecnologias pode trazer. 

Cristiane Alcala, por sua vez, abordou a reprodução de vozes humanas pela Inteligência Artificial, que pode ser usada como uma ferramenta de difamação, criação de deepfakes ou notícias falsas, e ainda ressaltou a necessidade de regulamentação de direitos autorais da voz humana reproduzida por IA. Ainda disse que “as IAs não vão substituir as pessoas, mas as pessoas que não souberem utilizar a IA serão substituídas”. 

De modo geral, o avanço desenfreado das tecnologias de inteligência artificial traz certa insegurança para os profissionais de comunicação, principalmente quando se refere ao campo do jornalismo. Contudo, o lado positivo da IA são os recursos que a tecnologia tem a oferecer aos jornalistas, para que possam realizar seu trabalho de forma otimizada, gastando mais tempo com a apuração e com o exercício das funções que somente um humano pode realizar.